domingo, 12 de dezembro de 2010

Memórias Lapeanas - No tempo dos bondes

Em 2005, no site Sao Paulo Minha Cidade, desenvolvido pela SPTuris (Prefeitura de São Paulo), a lapeana Neuza Guerreiro de Carvalho, escrevia sobre a Lapa de outrora.

“Cheguei à Lapa quando ela já era "grande", mas ainda periferia. A Igreja da Lapa ainda está aí e por pouco eu não testemunho a difícil colocação de seus sinos nas torres, o que aconteceu em 1948. E eu cheguei em 1954. Ainda conheci o bonde da linha Penha - Lapa que desapareceu em 1965, a linha Vila Mariana - Lapa que durou apenas um ano, de 1962 a 1963. A linha mais "idosa" foi a Lapa - Praça do Correio, que viveu exatos 57 anos, "morrendo" em 1966. Era o 35 e só tinha "camarões". Foi um deles que, na Av. Francisco Matarazzo entrou na traseira do nosso Citroën 1951. Convivi com o bonde Lapa - Vila Anastácio, o bonde "família", que esperava pelos retardatários e que depoimento de uma moradora me fez ciente de que o motorneiro até parava para tomar café em uma das casas da rua Barão de Jundiaí.
Conheci a Lapa do cine Tropical, na rua Roma, do cine Nacional na rua Clélia, onde hoje está o Olympia.
Meu primeiro espaço lapeano foi a rua Faustolo, por onde passavam todos os ônibus que iam para o interior, e vez por outra algum perdia o freio e voltava ladeira abaixo. Acordei uma vez com um deles dentro do quarto.

Conheci a Lapa do Colégio Campos Salles com um prédio só, na central rua Doze de Outubro, e com a "fazendinha" como era chamada a parte que fazia frente com a rua Nossa Senhora da Lapa.
Fui acompanhando o que surgia: Ceasa, em 1966, Mercado da Lapa, em 1954... Escolas aumentando e engrandecendo o bairro. Biblioteca tendo seu prédio próprio em 1966. Aprendi a conhecer 'lendas " de lugares, como o cemitério que é chamado cemitério da .Tomei conhecimento de que o Centro de Saúde da rua Roma na verdade se chama Centro de Saúde Dr.Albert Schweitzer, coisa que quase ninguém sabe.
Durante quase 30 anos contribui para aumentar o conhecimento dos jovens lapeanos com minhas aulas, e conheci muita, muita gente.
Com trabalho e dedicação conseguimos passar da Lapa propriamente dita, para um lugar mais agradável de morar, a City Lapa, com suas ruas largas, residenciais por excelência, e contribuímos para o verde desse lugar plantando pequenas árvores que hoje tem alturas apreciáveis.
Foi na Lapa que meus filhos nasceram, cresceram, se tornaram cidadãos, se casaram e tiveram seus filhos.Foi o bairro do nosso tempo produtivo, do "fazer" de nossa vida, do "viver" a vida em sua plenitude. Continuo na Lapa, sem o alguém precioso que me trouxe para cá, mas me identificando com o bairro e não o trocando por nenhum outro”.

2 comentários:

  1. Morei na Lapa, na Coriolano, meu pai tinha uma loja de calçados na R. Monteiro de Melo, estudei no Anhanguera, no Perreira Barreto, fui muito nos cines Tropical, Nacional, Jacimar, Carlos Gomes, Recreio, nos bailes salão do Clube dos Hugaros encima do Banco do Brasil na esquina da R, N. Senhora da Lapa,nossa vida na Lapa era muito legal.

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  2. Nasci na Vila Romana, em 1965 no hospital MaterDei na rua Marcelina ( hoje Metropolitano ), estudei no Thomaz Gualhardo e morava a três quarteirões sentido bairro Siciliano ( Rua Mipibu ), mas não me lembro de sensação melhor da minha infância do que ir a pé com minha mãe até a lapa, com meu irmão e posteriormente com meus amigos. Em época de natal lembro-me que as ruas Monteiro de Melo e 12 de outubro ficavam enfeitadas entrelaçando os 2 lados das calçadas e as vitrines acessas com seus presépios eram de arrepiar. ( quem sabe ja nao comprei um calçado na loja do pai do comentarista aqui - hahaha ), Enfim, em qualquer fase da minha vida, sempre tive tenho a graça de manter a Lapa no meu caminho. Cada esquina e cada canto tem um pouco de mim...

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